sexta-feira, 19 de abril de 2013

João e o Circo na "Terra do Faz de Conta"



João e o Circo 
na “Terra do Faz de Conta” 


João é um homem honesto.
João é um homem trabalhador.
João... é um lutador.

Com muito sacrifício, sustenta com dignidade sua mulher e seus três filhos enfrentando toda sorte de dificuldades como falta de trabalho, pouca remuneração etc.

Mas, num belo dia, na cidade em que João mora, chegou um circo que lá se instalou e João conseguiu uma licença especial para vender pipocas na frente do circo.

A vida de João mudou da noite para o dia. O movimento no circo era grande e as vendas muito boas. Foram dias de muita tranquilidade, muita abastança, muita alegria. Os filhos de João iam para o circo onde se divertiam bastante e ele trabalhava todo dia e ganhava muito, muito bem.

E foi assim por um período aproximado de 90 dias até que o circo foi embora...

Aí, as dificuldades voltaram, a falta de trabalho, a baixa remuneração. Seus filhos ficavam doentes porque andavam descalços e pisavam no esgoto que jorrava pelo meio das ruas, aquele mesmo esgoto pelo qual João pagava, com muito sacrifício, como se fora tratado.

E o filho adoecia e ele tinha dificuldade para levá-lo ao médico porque quando tinha condução, não era no horário e para uma simples consulta o filho tinha que perder o dia de aula e João, o dia de trabalho.

E, quando depois de muito sacrifício, conseguia chegar no ambulatório, não tinha médico... e precisava fazer a maratona mais uma outra vez.

E, quando encontrava médico, depois da consulta, não tinha remédio... e lá ia João correr atrás de dinheiro para comprar o remédio que, por direito, deveria lhe ser gratuito.

Mas, João não esmorecia. Continuava firme nas suas buscas e na correria; e quando olhava de um lado para outro, via obras inacabadas, com muito dinheiro público gasto para nada, quando poderia ver cumpridas as obrigações do poder público, aquelas que à sua família faltavam !!!

Mas, tinha mais. Quando continuava olhar para os lados via mais obras, desta vez acabadas sim, acabadas mas abandonadas, completamente sem utilidade.

Muito dinheiro jogado fora e as obrigações para com sua família e seus companheiros de luta continuavam faltando.

E João não entendia esses absurdos mas começou a pensar neles.

Por que as coisas aconteciam desta forma ???

João começou a perceber que as coisas não estavam certas, que as pessoas que cuidavam da sua cidade não estavam agindo com eficiência e com competência.

Vez por outra, também ouvia falar de casas populares que seriam feitas e entregues às pessoas carentes com uma prestação bem baixa, mas isso nunca acontecia.

E até a casa dele, que num determinado período de eleições lhe foi dito que construísse num terreno que em breve sua documentação seria regularizada, nunca o foi.

Anos e anos se passaram e nada. Sempre que chegava perto de eleição vinha a conversa de agora sai, está por pouco, o programa Cidade Legal do governo do estado, etc, etc, etc e nada acontecia.

O máximo que conseguiu foi um carnê de imposto que então passou a ser mais uma obrigação de pagar.

E João era infeliz, porque amava sua cidade e de lá não queria se mudar.

Vendo tudo isso e muito mais, como luminárias apagadas e a concessionária recebendo por isso, asfalto que não suporta chuva que faz com que as avenidas estejam sempre cheias de buracos, enfim, desperdício total que João, na sua humildade, começou a perceber e foi assim, percebendo cada vez mais.

Então, João, depois de muito pensar, ver e ouvir, na sua modesta sabedoria, chegou à conclusão que era preciso mudar as pessoas que cuidavam de sua cidade para que a cidade e seu povo fossem tratados com mais consideração.

A partir deste momento, João começou a trabalhar firmemente para colaborar na busca deste objetivo. Viva, João !!!

Viva João, que na sua humildade, pôde intuitivamente perceber o que disse Bernard Shaw: “É impossível progredir sem mudança, e aqueles que não mudam suas mentes não podem mudar nada ”.

 
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por Abrahão Pedro